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Uso e abuso de recursos informáticos

O problema começou com a generalização da micro-informática nos anos 80 mas agravou-se enormemente com o aparecimento da Internet, o email e os sites web. Todos conhecemos demasiados casos de pessoas que passam o dia agarradas ao computador pessoal no seu posto de trabalho mas, estranhamente, o trabalho não aparece feito. ;-)

Estes abusos têm duas facetas negativas: por um lado o trabalhador está a ganhar o seu salário enquanto está em actividades claramente pessoais e não produtivas e por outro, está a aproveitar-se indevidamente de recursos que lhe foram confiados para outros fins. Em todo o caso está claramente a prejudicar a empresa, os clientes e os colegas.

Por causa disso os responsáveis pela informática das empresas vêem-se confrontados com a necessidade de monitorizar o uso dos recursos, o que é especialmente complexo nos ambientes tecnológicos actuais.

Curiosamente "passou-me à frente" um artigo sobre estas questões (url mais abaixo) que apresentava umas estatísticas sobre o que fazem as empresas americanas sobre esta questão:
  • 75% das empresas monitorizam o acesso a sites web
  • a grande maioria deste grupo usam filtros para bloquear sites não produtivos
  • mais de 50% analizam e arquivam o email dos funcionários
  • cerca de 30% registam as sequências de teclas no PC
  • mais de 80% avisam os seus funcionários destas práticas de monitorização
Hoje em dia, esta questão, já de si muito delicada, é agravada pelo facto de cada vez mais instituições disponibilizarem sites web para que o cidadão trate dos seus assuntos. Dever-se-á impedir que um utilizador aceda ao seu homebanking? Ou ao site das Finanças para ver como está o seu IRS? Será contraprodutivo estar ligado à família por Instant Messaging?

Parece que o mais importante é garantir um bom equilíbrio entre privacidade e monitorização, sempre de olho na produtividade e na ética, de modo a que todos possam ficar contentes. Todos, excepto os abusadores, claro.

Entretanto, quem quiser saber mais sobre isto pode consultar:

Comentários

  1. Pelo Post mostrado dá a sensação que a principal razão da falta de produtividade das empresas se deve ao facto de os empregados terem Internet na ponta dos dedos. Penso que é redutora esta conclusão. Quanto a mim a principal razão que leva um empregado a não ser "tão" produtivo quanto desejado, se deve essencialmente à falta de motivação para que ele seja produtivo. Uma vez que aparentemente ele não tem qualquer benefício face a outro que seja mais produtivo.

    O Curioso é que em vez de estimularem os empregados a serem produtivos as empresas tenham optado por os policiar. Investindo quer em Software de monitorização, quer em pessoal dedicado na analize dos dados compilados. Talvez essas empresas estejam a mudar o seu Core-business. Mas não me parece uma jogada empresarial muito inteligente. Ao prejuízo que já têm dos empregados desmotivados, acrescem os necessários ao policiamento. Não deixa de ser uma boa oportunidade de negócio para empresas de Out-sourcig oferecer serviços de policiamento empresarial. Vamos fazer dinheiro com isso! Ou então com software de encriptação de email, ou proxies de http_tunneling que possibilitem passar as security.policies das empresas.

    O Google oferece 30% do horário de trabalho dos seus empregados para usarem como bem lhes aprouver. Não me parece que isso lhes tenha dado prejuízo. Além disso têm cantinas com o almoço de borla. Dizem que o almoço que oferecem estimula os empregados a demorarem menos tempo no almoço estando mais disponíveis para a empresa. Parece-me que o problema da falta de produtividade dos empregados depende mais da falta de visão estratégica dos seus gestores, do que do tempo por eles dispendido na Internet.

    O que está em cima da balança é:
    1. gastamos dinheiro a criar incentivos para os nosso colaboradores serem mais produtivos?
    2. gastamos dinheiro a policiar os nossos colaboradores, garantindo que eles não podem fazer mais nada do que trabalhar.

    Se um empregado cumprir com os objectivos estipulados não vejo razão para o privar de usar livremente os recursos que tem ao seu dispôr, uma vez que demonstra responsabilidade. Se o empregado não cumprir com os objectivos, é legítimo que seja demitido, não por passear na Internet ou escrever em Blogs, mas por manifesta incompetência.

    Um caso prático, precisei de obter informação acerca de CIFS na Internet. Fui Bloqueado por os sites realmente interessantes serem considerados de hacking. No entanto a informação que lá estava era vital para a conclusão com sucesso de um projecto. É óbvio que fiquei desmotivado. Porque me vi impedido de prosseguir com as minhas investigações. Até que ponto o policiamento é nefasto para a saude da empresa?

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  2. Se se deduz deste post que eu sou a favor do policiamento automatico intensivo então tenho que fazer um esclarecimento. :-)

    De facto eu concordo que o policiamento extremo como política primária é sintoma de que algo está muito podre na relação entre a empresa e os seus colaboradores. Na minha opinião é muito mais benéfico fazer uma gestão por objectivos e motivar o pessoal, mantendo a monitorização num mínimo.

    Se um funcionário passa o dia na net a tratar dos seus assuntos quem é que deve fazer alguma coisa? A sua chefia. Como é possível que as chefias não se apercebam do que se está a passar? Se o trabalho não aparece feito, o responsável pela equipa tem que investigar e actuar. E sejamos francos: os colegas de um abusador, quando não o denunciam, são também responsáveis pela situação.

    É verdade que a maioria das pessoas está disponível para melhorar o seu desempenho se adequadamente motivada. Infelizmente, há sempre algumas pessoas que querem emprego mas fogem do trabalho. E a esses não há motivação que lhes chegue. Nesses casos a monitorização apertada é mesmo uma ferramenta essencial.

    Em conclusão: o que é preciso é encontrar o equilíbrio certo para cada organização, em função da sua cultura.

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  3. Na minha opinião, filtros de WWW, e outros são contra productivos.

    Potencialmente impedem as pessoas de trabalhar ou diminuem a productividade, ao bloquear recursos úteis para as tarefas em questão.

    Por exemplo: o IRC é usualmente considerado contra productivo, no entanto o melhor suporte para GTK+, é via IRC na irc.gimp.org (em que é possível encontrar developers do GTK+ e conversar com eles ao vivo: já ao fiz pelo menos 3 vezes no passado e resolveram-me bugs na hora a olharmos os dois para a source). O suporte para Subversion, Mediawiki, Fedora e Ubuntu na rede irc.freenode.net é também muito bom.

    Na minha opinião, quem não tem vontade de trabalhar não irá passar a trabalhar simplesmente por lhes filtrarem uns sites. Irão tornear os filtros, jogar minesweeper (como vi um funcionário fazer quando estava na fila de espera no hospital uma vez), trazer o leitor MP3, trazer placas TV via USB com antena incorporada (adivinhem onde vi esta), ler o jornal, usar CDs de arranque, trazer um jogo numa disquete, ir tomar um cafézinho, ou fingir que trabalham. Não resulta.

    Considero essencial ter um instrumento de monitorização. Nem que seja para ajudar a detectar quando existe um problema de motivação. Apenas não acredito em ferramentas de censura automática para resolver o problema. Penso que a única solução é aumentar a motivação.

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  4. Pelas razões óbvias, fico contente por saber que no que toca a este assunto, estamos de acordo. Aparentemente só fiz bem "espicaçar" o tema, porque assim só enriquecemos o debate.

    Reconheço no entanto que há neste tema uma janela de oportunidade de negócio. Porque as empresas estão interessadas em ferramentas de monitorização e os empregados em aplicações que lhes garantam a confidencialidade dos seus dados pessoais e outras que lhes permitam passar a censura.

    Curioso que termos como controlo e censura sejam termos do "Estado Novo" e que estejam tão em voga actualmente. Pelos vistos as empresas actuais continuam a seguir exemplos de gestão fascista. Será que não pretendem evoluir?

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